holy moments of a waking life

22 fevereiro 2006

Essas coisas de blogs...

Atendendo a pedidos, aqui vai mais um post. É legal saber que tem gente lendo esse troço e, de certa forma, 'sentindo falta' quando nada é colocado aqui. Meu thanks pra Nina, Andréa e Aline que me empurraram pra cá pra postar. Bom, mas tenho que avisar que esse aqui pode ser pouco inspirado... acho que é uma conseqüência do fato de as coisas estarem numa boa...

Bueno, mas eu poderia simplesmente relatar o que aconteceu nessa semana, dando destaque pra noite de segunda-feira, quando eu, Andréa e Nego fomos pra casa da Nina ver o show do U2 (ah, o Severino tava lá também, dando seu show de sempre!). Foi excelente, não só por ver o show, mas pela parceria. A única nota negativa foi ter ficado com uma BAITA VONTADE de estar no Morumbi... putz, foi difícil ver aquela baita festa, lembrar de já ter estado in loco na turnê Pop Mart e ter que ver a coisa toda somente via Globo... mas fazer o que... daqui a oito anos eles devem estar aqui de volta e, se eu estiver vivo, me prometo estar lá! Desabafo feito, vamos ao tema desse post.

Quando decidi fazer esse blog, a última coisa que queria era que ele fosse um “diário eletrônico”. Não vou me repetir sobre o propósito da minha decisão, afinal a história toda tá lá no primeiro post. Em vez disso, queria falar um pouco sobre as reações de amigos e conhecidos sobre essa empreitada. É claro que alguns entenderam a mensagem e acharam legal a idéia. No entanto, ao mesmo tempo, há vários que torceram o nariz – ainda que de brincadeira. Os comentários vão desde o “isso é coisa de viado!!!” até “não tens mais nada pra fazer?”. Nenhuma das duas opiniões “abala” minha decisão de ter feito o blog, são totalmente inofensivas eu diria, mas fico pensando o porquê de as pessoas ainda terem reações avessas a esse elemento da sociedade eletrônica na qual todos – gostem ou não – estão inseridos.

Entendo que muitos pensam que o blog é uma super-exposição, e em muitos casos é mesmo. No entanto, ele deixou de ser só isso faz tempo. Além disso, os blogs não são o que são pelo simples fato de serem blogs (que frase bonita!!!! [:P]). O que torna cada blog diferente é o conteúdo, a proposta, cada post e os comentários que recheiam o ambiente. Acho que cada blog pode assumir vários papéis em cada post, ele pode ser algo maleável até certo ponto, dependendo única e exclusivamente da vontade do seu dono. Frente a essa maleabilidade, qualquer opinião crítica sobre um blog sem conhecê-lo é, no mínimo, preconceito (não necessariamente contra o autor, mas contra a ferramenta de interação em si). Pra ilustrar o que digo, cito alguns exemplos “atípicos” do uso dos blogs. Há muitos educadores usando a ferramenta como espaço pra desenvolvimento da escrita com seus alunos. É a sala de aula indo pra onde os alunos gostam de estar. Há também pesquisadores disponibilizando seus trabalhos e artigos em blogs (este que vos fala é um deles). Enfim, deve certamente haver vários outros usos que não tenho conhecimento, alguns certamente muito menos “nobres”, mas a questão é que um blog pode ser muito mais do que um diário eletrônico ou “coisa de viado*”.

Bom, mas esse meu blog não tem caráter educacional. Pra que ele serve então? Além do que já disse no primeiro post, gosto de vê-lo como um espaço possível pra reunião de amigos. Essa idéia eu vi no blog de um outro cara, amigo do Nego, e me pareceu bem adequada ao meu propósito também. Hoje, muitos dos meus amigos estão “espraiados” pelo país e o blog poderia ser uma forma de manter os papos rolando, não somente dentro daquele velho tema “Como tu tá? E a vida? E as novidades?”, mas sobre algum tema qualquer, seja sério ou não, ainda que sob as restrições que o meio eletrônico e a distância impõem. Gostaria muito que o troço fosse visto assim também, mas também entendo que esse tipo de visão não acontece por imposição. Quem sabe, dependendo se houver algum pano pra manga nesse post e alguns amigos venham até aqui e vejam o que está escrito, as concepções não começam a mudar? [:P]

Buenas, desculpem a falta de inspiração, mas foi o que saiu... [:P] Pelo menos foi sincero. Ah, e pra ‘cutucar os críticos’, vai um momento “blog/meu diário”: amanhã de madrugada tô indo pro Rosa com algumas leituras na bagagem. Como diz o Juleca, prefiro levar o peso na bagagem do que na consciência. Depois da folia eu volto.

* Antes que eu me esqueça, viado é a mãe!!! [:D]

16 fevereiro 2006

Olho no lanceee!!!!



Depois de um papo “xarope” na segunda-feira, parece que as coisas voltam aos eixos aos poucos. “Aos poucos” talvez não seja a melhor expressão, pois já está tudo resolvido e superado (né? Hehehe). Como tenho o meu lado “Poliana”, o legal é que tudo se resolveu de forma madura e desestressada, eu diria. Sei que reagi de forma sincera e não me arrependo de nada que eu tenha dito, mas como diria o ‘filósofo’ Arnaldo César Coelho (sim, me refiro ao ex-árbitro ‘mala’ que leva uns cortes do ‘mala-mor’ Galvão Bueno nas transmissões de futebol na Globo) – “a regra é clara... o lance foi fruto de uma entrada com força desproporcional por parte dos atletas”. Dado um cartão amarelo pra cada um dos jogadores, segue o jogo com o placar de 1 a 1 e muito fair play (o empate classifica as duas equipes pra próxima fase).

Terça teve aniversário da Vanessa, namorada do Olavo, amigos da Karine, irmã da Nina. Todos são gente finíssima, papo inteligente sem ser chato, bobagens na medida certa (ou seja, em alto grau), enfim, foi jóia. Fui junto com o Eurico e as já referidas Nina e Karine. Começamos na Pinacoteca (barzinho na República, nota dez pela sua simplicidade e autenticidade). Eu e o Nego lembramos da frase do véio Balbi – cada um olha as coisas segundo seu próprio caleidoscópio – pois pelo “espaço”, fazendo uma avaliação restrita ao “material”, alguns poderiam classificar o lugar como “meia-boca”. No entanto, o público, o clima, o atendimento, fazem do bar um sítio especial (segundo o meu caleidoscópio). De lá, passamos no McDonald’s e “morremos” no Van Gogh. Confesso que eu tinha um certo preconceito contra o lugar, por situações anteriores que não vêm ao caso agora, mas no fim das contas achei o troço interessante. Tá certo que o teor alcoólico pode ter contribuído pra uma opinião levianamente positiva, mas o fato de ficar aberto até tarde, servir uma ótima sopa (a de capeletti, porque a de queijo é horrível, parece aquelas sopas Maggi... as outras eu não provei) e de ter servido o Caetano Veloso em uma de suas passadas por Porto Alegre contabilizaram alguns pontos a favor do lugar.

Hoje tem aniversário da Kika no News Pub. Gosto de lá, mas faz um tempo que não vou. Espero que consiga entrar, pois vou aparecer bem tarde já que tenho compromisso com a raquete... [:)]. Acho que vai estar todo mundo da parceria lá, ou pelo menos grande parte dela, acho que vai ser legal.

Amanhã já é sexta. Putz, como passou rápido essa semana. Parece que vai rolar uma voltinha com “umas pessoas” amanhã... vamos ver.

Daqui a pouco eu volto. E viva o fair play.

14 fevereiro 2006

Inconformidade

Queria escrever sobre inconformidade. Daí resolvi ir pro Google procurar definições da palavra, meio que pra achar inspiração pra escrever. A primeira opção que a busca me ofereceu parecia que ia direto ao ponto, mas quando entrei na página, parecia que não tinha muita coisa a ver. Na verdade, não tinha, falava de inconformidade como um termo da Geologia (Superfície de discordância maior que resulta de pronunciada erosão pós-diastrófica de rochas de um embasamento cristalino, ígneo e/ou metamórfico dobrado, antes da deposição das camadas sedimentares ou vulcano-sedimentares estratigraficamente acima. Esta superfície inconforme representa assim um paleo-relevo que recebeu a deposição sedimentar), mas curiosamente havia um link para uma outra página, na qual a “inconformidade” estava retratada.
Tá aí. Essa é a cara da inconformidade. Um amontoado de sedimentos, formando um grande bloco de pedra, desparelho, não-uniforme, tosco e pesado. Será que realmente não era essa a definição que eu procurava? [:)]

A idéia inicial que eu tinha era falar sobre como variam as demonstrações de inconformidade (não a geológica, mas a psicológico-comportamental). Alguns esperneiam, choram, gritam, xingam, saem correndo. No fim das contas, parece que há o padrão humano de atacar, brigar, “quebrar os pratos”, fazer coisas que depois nos arrependemos, mas que de uma forma ou de outra podem ser usadas posteriormente pra justificar a perda ou a situação com a qual estamos inconformados. É meio como se estivéssemos andando por aí, numa praia, e levássemos a "pedra da inconformidade" – do nada – na cabeça e culpássemos a nós mesmos por estarmos na praia na hora errada. Parece que a saída é negar o fato de que a pedra tá ali e fazer algo a respeito é penoso, difícil, inviável ou impossível.

Eu ultimamente tenho falado (ou tentado falar) o que penso e que (na maioria das vezes) talvez não devesse expressar. No entanto, no meu caso, ainda que esteja inconformado com uma situação e com as conseqüências (a meu ver desnecessárias) do ocorrido, fico tranqüilo por estar sendo sincero comigo mesmo. To 1/2 triste, acho que uns 3/4 triste até, que fique registrado isso, mas ainda tô levando a sério o meu compromisso de ser sincero comigo mesmo.

É engraçado como as coisas se interligam, ou ainda, como a gente faz ligações entre as coisas. Hoje almocei com meu ex-orientador e colega e ele me falou de um livro – os sete hábitos de pessoas altamente eficazes, de Stephen R. Covey. Relatou apenas dois deles e o que mais nos chamou atenção, ligando-o até mesmo com a nossa área de pesquisa, foi o hábito que diz mais ou menos isso: procure primeiro compreender, depois ser compreendido. Acho que essa frase une e explica como tenho tentado agir. Sou até meio chato querendo ouvir todos os lados possíveis de uma história, tentando compreendê-la o máximo possível para tratá-la com justiça e sensatez. Depois falo o que penso, sem a preocupação extrema de ser compreendido. Vale lembrar que também tenho me colocado sempre à disposição pro diálogo e esclarecimentos, afinal seria muito fácil e simples falar um monte de coisas e fugir da responsabilidade que surge em tudo que fazemos e dizemos. Não sei se dá certo, mas tenho me sentido com a consciência bem tranqüila (grande consolo, Peter Parker!).

Bueno, inconformado, chateado, mas tentando ficar tranqüilo, era isso que eu tinha pra dizer. Hoje tem aniversário da Vanessa na Pinacoteca (where the f*** is that?) e acho que vai ser um bom momento pra espairecer. Daqui a pouco eu volto.

13 fevereiro 2006

Síndrome de Peter Parker


"Who am I? You sure you want to know? The story of my life is not for the faint of heart. If somebody said it was a happy little tale... if somebody told you I was just your average ordinary guy, not a care in the world... somebody lied".

Esse trecho inicial do primeiro filme "Homem-Aranha" é uma referência a um sentimento que há tempos eu não tinha - o de identificação com meu herói de infância. Importante dizer que esse feeling é muito maior com o universitário e fotógrafo do "Clarim Diário" do que com o escalador de paredes, mas impossível dissociá-los e analisar a implicação de uma persona na outra.

Não tenho vontade de explicar o porquê dessa relação, mas pra quem conhece a mim e a história do conturbado herói pode fazer suas contas e chegar em algum resultado aproximado. Desde minha adolescência, ouvi a teoria dos meus amigos sobre o fato de que sofro da "Síndrome de Peter Parker". Também não vou explicá-la, peço desculpas aos possíveis leitores, mas o mistério faz parte dessa coisa de herói, identidade secreta, etc. [:P] Só sei que hoje fiquei - mais uma vez - com a sensação de que de tanto ouvir e falar na tal "teoria", ela se instaurou na minha vida.

Buenas, se alguém descobrir o que é a "Síndrome de Peter Parker" e souber como tratá-la, favor deixar um comentário... [:S]

Era isso. Pelo menos acho que é uma forma "descontraída" de encarar a situação que me lembrou da identificação com o Aranha... Daqui a pouco eu volto.

12 fevereiro 2006

Amizade e distância


Sexta-feira falei com o Júlio. Grande amigo, conheço o vulgo Julecas há uns 20 anos. O cara agora tá morando em Delft, na Holanda, fazendo parte do doutorado (e é claro, fazendo turismo também, mandando fotos pra gente ficar com pelo menos um gostinho de Europa). Ele e a Martinha (a noiva, que também está lá com ele) são pessoas nota 10 e deram uma boa força na minha vida pra cá. São amigos com “A” maiúsculo.

Bom, mas o fato de ter falado com ele, me fez pensar numa coisa, um tanto "batida" já, mas que é verdade. Hoje, com o avanço das tecnologias de comunicação, só se mantém distante quem quer. No exemplo do Júlio mesmo, em um dia eu estava me despedindo do cara no aeroporto, no outro estava falando com ele no MSN, como sempre fiz quando ele morava aqui ainda. Tem Skype, Google Talk, ICQ, pra ficar só em algumas ferramentas de comunicação síncrona. Outro dia, falando com o Nego sobre blogs e tal, ele me falou sobre o Manuca, um outro amigo dele que tem um blog também, que comentou que a função de tal espaço virtual pra ele era justamente manter os amigos distantes (ele mora em SP agora) informados sobre o que passa na vida.

É normal que os amigos de infância e/ou adolescência tomem caminhos diferentes na vida adulta, indo morar em outras cidades, estados ou países e deixando um rastro de saudade por cada kilômetro percorrido. Só que o contato – tão difícil na época que telefone era caro ou inexistente e as cartas demoravam a chegar – pode ser praticamente instantâneo. Mesmo assim, às vezes a gente vê amigos que vão pra longe e não dão mais sinal de vida. Não procuram e não respondem quando são procurados. Um dia conversava com um amigo sobre isso, e a única explicação que surgiu foi a decisão de isolar-se para romper os laços antigos, “esquecer” o que de bom prende o indivíduo aos amigos distantes, para ter uma adaptação mais “fácil” à nova terra. Pode até ser, entendo que algumas pessoas possam pensar e agir assim, mas confesso que acho muito estranho e, pessoalmente, quase inaceitável. Me dá uma idéia de “amizade descartável”, quando me parece que AMIZADE é algo que deveria ser somado e não trocado, salvo em casos de “graves intempéries emocionais”. É claro que o contato entre amigos a distância não é, nem pode ser o mesmo que existia antes, principalmente no quesito “freqüência”. No entanto, o exagero do afastamento talvez deixe marcas difíceis de apagar, criando um abismo difícil de transpor, ao passo que o contato que se mantém “apesar” da distância enraíza e solidifica as relações de amizade. Posso estar errado, mas me parece que a coisa funciona um pouco assim, acredito eu.

Parece que a distância põe à prova as amizades, ou ainda, o quanto cada pessoa precisa dos seus amigos. Sei lá, papo pra muita discussão... ou não. Dei uma procurada no Google e achei essa página com algumas definições de amizade. Pode ser interessante dar uma olhada. Tem umas bem piegas, outras nem tanto.

Só sei que são duas da tarde e não almocei. Tô com uma baita fome e vou sair à caça de comida. Segue uma foto do churras de despedida do Juleca (o careca ali é o Nego).Daqui a pouco eu volto.

09 fevereiro 2006

Faltava o sábado

Bom, como tinha me prometido escrever sobre o sábado, aqui vai. Por limitações de tempo e de idéias, vai ser um post bem resumido, mas mantendo a essência daquilo que foi a melhor parte daquele dia. Antes, no entanto, tenho que agradecer aos amigos que têm lido e comentado o blog. É legal saber que tem alguns poucos acompanhando o que se escreve. Mais legal ainda é ver a oportunidade de dialogar assincronamente, de "ouvir" o que outros pensam sobre o que a gente pensou. Notei também que tem alguns amigos visitando, olhando o que é postado e tal, e expressando alguma opinião por mail, Orkut ou pessoalmente. Como o "choro é livre", aproveito pra agradecer a visita daqueles que "só" lêem e incentivá-los a perderem a vergonha e colocarem suas opiniões, sugestões e (principalmente) divergências aqui. Eu vou ficar felizão. [:P]

Bom, mas o sábado foi bem caseiro, derretendo mesmo em frente ao ventilador (sim, porque aqui não tem ar condicionado). A única saída foi pra almoçar com o Rodrigo e a Sil. Acho que é a primeira referência aos dois aqui e preciso dizer que os dois são amigos bastante especiais pra mim. Conheci cada um deles separadamente e por caminhos diferentes: a Sil foi minha professora de inglês e, mais importante do que isso, foi quem me indicou pro amigão Zé Pedro (na época, ele era apenas o diretor do MAB, curso onde aprendi inglês e comecei minha carreira) pra fazer um “treinamento de professores” (hoje eu odeio essa expressão!). Digamos que fui bem e hoje tô aqui. Sou e serei sempre profundamente grato a ela. Já o Rodrigo eu conheci naquela história de “amigo do amigo do amigo”... um sabia quem era o outro, mas por essas coisas da vida, nunca fomos próximos quando morávamos em Pelotas. Quando mudei pra Porto, começamos a nos falar mais, foi um cara que sempre se mostrou parceiro pra ajudar na adaptação à cidade, pra jogar futebol, pra tomar cerveja e jogar conversa fora. Hoje é meu adversário/professor fiel de squash, meu amigão mesmo. Foi uma grata surpresa quando vi os dois juntos. Aqui em POA são integrantes do seleto grupo dos meus “amigos preferidos” e sempre é muito bom estar com eles.

Na terça anterior, nos encontramos no aniversário da Virgínia no Shamrock e no sábado então os dois me ligaram pra almoçarmos juntos. Fomos rumo ao Ocidente e, depois de muito papo, saímos procurando um lugar pra tomar café. Ficamos no Senhor do Bom Fim (acho que é esse o nome), na Fernandes Vieira entre Osvaldo e Henrique Dias. O lugar é muito simpático, tem ótimo café e um cheese cake de amora excelente. No entanto, o ponto alto da tarde foi a oferta de uns joguinhos que eles deixam à disposição dos clientes. Jogamos dois – Trabado e Torre de Hanói. Foi a diversão da tarde, recheado com o papo e muita risada. O Rodrigo saiu “possuído”, querendo achar coisas sobre o Trabado na web. Não sei se achou.

É legal como essas pequenas coisas, como ficar com os amigos, bater papo, quebrar a cabeça com um joguinho sem-vergonha, tornam a vida agradável e as amizades sólidas. Valeu pela parceria, Rods e Sil!

Esse foi o relato resumidíssimo do sábado. Daqui a pouco eu volto.

07 fevereiro 2006

"Antes do Pôr-do-Sol" antes do amanhecer

Esse post tem tudo pra ser meio doido. Pode ser que, no final, depois de escrito, nem seja tanto quanto eu esperava, há a chance de ser meio chato até. Mas a questão é que as idéias de onde ele germina e se alimenta são inquietantemente boas, prazerosas, positivas. Fazendo referência a um termo que não uso faz algum tempo, diria que esse redemoinho de idéias e sensações, juntamente com o fato de tê-lo percebido, foi mais um holy moment. É provável que o texto não tenha a menor graça para quem possa ler essas linhas, mas tenho certeza que terei enorme prazer em escrevê-las.


Acabo de ver Antes do Pôr-do-Sol. Já havia visto Antes do Amanhecer e tinha colocado o trabalho na minha lista de favoritos. Agora, coloco mais este, o que totaliza três filmes de Richard Linklater entre meus filmes prediletos (o terceiro é Waking Life). Não tenho essa coisa de "diretor favorito", mas depois dessa coincidência, confesso que vou olhar com olhos mais atentos o que esse cara venha a produzir. Bem, mas meu gosto cinematográfico não vem ao caso nesse post, a não ser quando se fizer necessário o comentário para ilustrar a “cena” maior que pretendo rodar aqui.

Já fiz referência aos dois “Antes do...” em um post anterior e, relendo o que escrevi, parece que não fui muito sincero (a propósito, tenho que escrever sobre isso, principalmente depois do grande papo com o Negão, a Dna. Grace e o Baiano hoje... mas isso fica pra depois). Dei a impressão, de maneira não-intencional, que já havia assistido os dois. Na verdade, eu só havia visto o primeiro e ouvido muito sobre o segundo. Muitas opiniões, mas pouco sobre os detalhes da história. Vendo o filme, vê-se o porquê: assim como o primeiro, Antes do Pôr-do-Sol é um grande diálogo sobre nada e sobre tudo ao mesmo tempo, protagonizado por um casal – um americano (Ethan Hawke) e uma francesa (Julie Delpy) – que se reencontra em Paris nove anos depois de se conhecerem em Viena (vide primeiro filme). Agora com 32 anos, com vidas diferentes e encaminhadas, os dois retomam o papo ignorando os anos de distância e discutem o que teria acontecido se um encontro marcado para seis meses depois da despedida em Viena tivesse acontecido. Na minha opinião, aí está grande parte da magia do filme.

Peguei o DVD porque já tinha a ingênua impressão de haver nele nuances que anda(ra)m bem nítidas na minha vida nos últimos tempos. Por certo essa sensação não é exclusividade minha, deve ser de muitos inclusive, afinal um bom filme faz sucesso quando consegue, entre outros fatores, permitir que o espectador se veja de alguma forma nele. Seria legal ter visto esse filme com alguém que partilhasse da mesma história e tenho certeza que a sensação seria forte, patente. No entanto, comecei a me assustar quando percebi que as semelhanças comigo e minha vida nas últimas semanas eram maiores do que imaginava.

É engraçado como às vezes a vida na tela se entrelaça e se mistura com a vida real. Me parece que são poucos os diretores que conseguem fazer um trabalho que chegue no "limite da verossimilhança", tornando a vida de alguns espectadores viajantes (como eu!) mais poética talvez. Tirando o fato de que tenho praticamente a mesma idade do personagem e gostar muito de escrever (o cara é escritor), partilho da mesma visão otimista e romântica da vida. Um exemplo que ilustra bem o caso é quando o personagem afirma que o mundo está melhorando e compara o planeta com a evolução do próprio ser humano. Ele não lamenta o fato de estar envelhecendo. Ele comenta que certamente está ficando menos saudável, mas ele também era mais inseguro quando jovem e hoje sabe lidar muito melhor com seus problemas. Dia desses, estava eu comentando que não troco meus 30 pelos meus 20 anos por nada. Além disso, falando de relacionamentos, o casal discute a idéia de que só somos felizes com outra pessoa ao nosso lado. Por mais que eu ache essa questão assustadora e incontrolável, tenho a tendência a dizer que concordo. Talvez eu não seja tão restrito a ponto de dizer que só é possível ser feliz se tivermos alguém, uma namorada ou esposa, mas acredito hoje que pra ser feliz precisamos SIM de uma conjunção de namorada/esposa e amigos. Hoje, é como eu vejo, é o que vale pra mim. Estou tão certo disso como estou certo de que posso mudar de opinião daqui uns anos. Amanhã, eu não sei. No entanto, não quero me divorciar com 50 e poucos anos, lamentando que não tive uma vida como eu queria, mesmo sabendo que isso é possível de acontecer. Não quero viver com alguém de maneira infeliz, “aturando” coisas pelo simples fato de a outra ser legal, ser uma boa mãe ou, dentro do meu momento de vida, por ser uma parceira pra festas e conversarmos sobre vários assuntos. Essas são todas qualidades importantes e desejáveis, mas a relação pra mim é mais do que isso: é respeito, admiração, emoção, “plins” e – last but not the least, for sure – atração, tesão. Como diz o cara no filme, life is more than commitment. It has to be.

Quem ler esse parágrafo anterior pode achar um tanto óbvio esse desejo, mas tenho visto que não é. Isso não é nenhuma indireta pra ninguém, é só uma constatação. Quantas vezes já não dissemos, frente a cena de um filme, “pô, que cara pato!!! Por que ele não faz isso?” Não fazemos isso também quando aconselhamos um amigo ou julgamos um conhecido? Temos muitos medos, pudores, medo de magoar pessoas que não merece(ria)m ser magoadas, enfim, muitos fatores nos rodeiam e nos impedem de ou atrasam para agir. E vários filmes, aqueles que podem entrar pra galeria das “boas obras”, retratam essas nuances da natureza humana. E tais nuances não são nenhum defeito, na minha opinião. É sinal de que não saímos por aí exercendo nossas vontades a torto e a direito, a despeito de quem pode ser diretamente atingido por elas. Isso é bom senso, meu amigo. E isso é extremamente desejável também.

Voltando ao “limite da verossimilhança” do qual falei ali em cima e buscando evidenciar que a "vida na tela" é bem mais próxima da "vida na vida", seria improvável que Jesse e Celine se reencontrassem nove anos depois, vivendo em países diferentes, sem ter telefones ou endereços um do outro e principalmente depois de um reencontro frustrado. Imaginem um reencontro depois de 15 anos. Jesse e Celine, após o encontro em Viena, chegaram a morar na mesma cidade, passaram pelos mesmos lugares, tendo o cara imaginado tê-la visto entrando em uma loja no dia em que casou. Ironicamente, ela morava a duas quadras de tal loja. Imaginem guardar tão bem um sentimento pra si, ao ponto de esquecer tê-lo outrora sentido. No entanto, um simples reencontro (não tão simples talvez) traz à tona tal sensação e a deixa viva como antes foi. Mais ainda: nunca imaginar que a recíproca é verdadeira e descobrir de uma hora pra outra que o sentimento é tão recíproco quanto podia ser. Cada dia que passa, percebo que nossas vidas são mais parecidas com uma novela ou um filme do que poderíamos imaginar ou gostaríamos que fosse. Não no sentido de que as coisas são programadas e já escritas em um roteiro divino, mas sim dentro de uma tormenta de possibilidades que se abrem a cada momento, cabendo a nós – os atores – play our part ou recusar o papel e ficar assistindo. Me agrada a idéia de ver minha vida de forma poética, romântica (não necessariamente no sentido amoroso, mas “novelesco”), como se cada momento pudesse se constituir como uma cena, a qual poderia ser incluída na versão comercial – aquela que vendemos pros outros – ou figurar apenas na versão director’s cut. Gosto da idéia de me ver como protagonista do meu filme e dividir a cena com aqueles que me rodeiam ou entram e saem da minha vida, ao mesmo tempo que tenho prazer de me “ver” como coadjuvante da história dos meus próximos. E hoje, o filme em cartaz seria, certamente, algo muito parecido com Antes do Pôr-do-Sol.

Bom, já tô mais relaxado agora. Espero que o post não tenha ficado muito enrolado (vã ilusão). Seis e meia da manhã, tá na hora de dormir. Pra alguns, de acordar. Daqui a pouco eu volto.

06 fevereiro 2006

Ponto facultativo

Cara, se eu já não falei isso aqui, o Nego já falou em seu blog, mas eu repito: como essa cidade é estranha no verão. Somemos a isso o fato de termos um dia “útil” entre um feriado e o finde, temos assim o “dia perfeito”, tirado diretamente do mundo bizarro. As coisas funcionam meio que mais ou menos, estão lá, abertas e esperando clientes, visitantes, E.T’s, mas nem cusco com fome entra, seja em lojas, restaurantes ou shoppings. Bom, nesse último espaço, me parece que nem alguns exemplares da raça humana têm entrada permitida, a não ser que tenham a cara de consumidor estampada na testa (estranho isso... “cara” estampada na “testa”) ou que o volume nos bolsos deixe a entender que o que há lá é um amontoado de grana ou de cartões de crédito e não uma pistola.


Sexta foi declarada como "ponto facultativo" na UFRGS. Acho engraçada essa expressão – ponto facultativo... uma maneira educada de dizer que não haverá trabalho quando moralmente deveria. É o verdadeiro “me engana que eu gosto”: o patrão finge para funcionários e público que o dia é (ou pode ser) de trabalho e os empregados, por sua vez, fingem que lamentam por ter o tal “ponto facultativo”. Por que não dizem nos comunicados da reitoria, da prefeitura e dos governos em geral, “faremos feriadão”? Ah, tá bem, poderia ser alegado que alguns pontos realmente não podem declarar feriadão e deixar o público na mão, sem determinado serviço... mas hospitais, delegacias e outros serviços essenciais não declaram o tal “ponto facultativo”, e sim o “plantão”. Agora, alguém já viu algum lugar que esteja aberto quando é declarado “ponto facultativo”? Eu não.

E tem mais: se observarmos a acepção da palavra, “facultativo” denota “escolha”. Digamos que, em determinado estabelecimento, seja declarado o tal ponto facultativo. Eu, empregado, posso escolher não ir trabalhar? Bom, até posso, mas seria – no mínimo – repreendido pelo patrão.

É, realmente a arbitrariedade das palavras e os contextos nos quais elas se inserem são curiosos.

Bom, mas nesse dia, sexta-passada, era “ponto facultativo” na UFRGS. Fiz uns troços do trabalho em casa de manhã e fui jogar squash com o Baiano. Muito bom o joguinho, bem parelho e movimentado. Acho que foi 3 a 3 ou 4 a 3 pra ele, o Towtow tá se puxando! O plano era jogo-almoço-trocar celular-comprar dicionário. Mission accomplished. Isso tomou boa parte do dia. No final da tarde, grande visita para um chimas. Engraçado, tinham uns sinos que não paravam de tocar ali perto de casa... De noite, my little pal Towtow and I fomos pra Cidade Baixa, fazer um lanche e tomar cerveja. Programa despretensioso, revelou-se um grande momento de risadas, papo profundo e filosofadas. Calor do cão, tentei ligar pro Nego e pra meNina, na esperança de receber uma brisa fresca direta da praia, mas descobri que naquela altura ele tava morrendo em Ganchos...

Depois disso, casa e cama. Viva o ponto facultativo...

Daqui a pouco eu volto. Tenho que falar sobre sábado, pois foi bem legal.

A quinta passou e nem notei

A quinta passou tão rápido que nem percebi. Essa rapidez me lembrou o ritmo de um romance que li há muito tempo, na época da faculdade ainda, "O Ciúme" (La Jalousie), de Alain Robbe-Grillet, escrito em 1957. Falei sobre ele (livro) na quarta, eu acho, com o bom e velho Towtow, contando sobre a forma pitoresca com a qual o autor "leva" a narrativa. O texto é detalhadamente descritivo, com as descrições voltando de tempos em tempos, com pequenas alterações de cenário que nos permitem ver o estado de angústia, insegurança e paranóia que decorrem do ciúme do narrador. No início o leitor fica com um mal-estar, uma sensação de estar perdido, mas aos poucos nos sentimos in the character’s shoes e o livro se torna – em minha opinião – um achado. Muito bom mesmo, tenho vontade de lê-lo novamente.

Como falei, a rapidez da quinta me remeteu ao livro. Assim, vou descrever meu dia a la Alain Robbe-Grillet, deixando bem claro que não há nenhuma pretensão de ser comparado com o francês. [:P]

Acordo, lâmpada gira. Banho. Melhora, recuperação até. Almoço combinado com o Baiano. Lotação. Pizza Hut. Conversa, relato, risadas. Telefonema estranho. Mais conversa, mais risadas. Livros, muitos livros. Nunca li Dostoievski. Levei. Carro, som, tentando entender os cabras, tentando entender os cabras, tentando entender os cabras, tentando entender os cabras*, ad infinitum...Volta pra casa, e-mails, sofá. Um artigo lido. Sofá. Plano de trabalho pra semana que vem. Sofá. TV. Cama.

*
Toda gata deveria virar freira
Ou senão, usar corrente e coleira
Se divertem nos torturando
E nos fazendo pensar besteira

Deve ser algo nas cadeiras dos barbeiros
Ou, quem sabe, naquelas oficinas
Deve ser algo no carro
Deve ser algo no carro

Para cada sem-vergonha existe uma santinha
Para cada dominado existe uma putinha


[Mundo Livre]

Era isso. Daqui a pouco eu volto.

04 fevereiro 2006

Meu Esquema rolou na quarta


Bah, já que não fui viajar no feriado, decidi encarar, junto com my little pal Towtow (vulgo Juliano), um showzinho que há tempos queria conferir: Mundo Livre. Os caras estão com freqüência aqui em POA e dessa vez a apresentação ia rolar no Ocidente, bem perto aqui de casa. Fazia horas que não ia lá, a não ser pra almoçar. A propósito, peço licença pro Nego, que tem feito várias “avaliações” de bares e restaurantes de Porto no blog dele, e dou aqui uma dica. Pra quem curte comida natural, com toque hindu, o Ocidente é uma ótima pedida. O esquema é PF, podendo ser pedido porção inteira ou meio (que de “meio” não tem nada, é quase igual ao “inteiro”). De sexta a sábado é meio igual e no domingo rola um banquete hindu, com direito a dança típica de tempos em tempos. Tem um astral legal lá, além da comida ser realmente muito boa.

Mas voltando ao show...

Oficialmente, conhecia pouca coisa deles. Tinha ouvido algumas coisas esparsas e tudo isso me parecia bom. Sempre achei que o som dos caras fosse muito parecido com Chico Science e a referência é até certo ponto justa, principalmente pelas origens das duas bandas. No entanto, a comparação é limitada, uma vez que o Mundo Livre seguiu o caminho e se diferencia do Chico por ter um som mais sutil, eu diria, e com menos peso de percussão. Só conhecia uma música pelo nome – “Meu esquema” – graças à Luana Piovani (Calma, não somos tão próximos quanto eu gostaria que fôssemos, mas a canção da banda abria um programa que a moça tinha na MTV, por isso eu a conhecia). O show foi muito bom mesmo, os caras são ótimos músicos e a “salada sonora” é das mais bem temperadas. Me chamou a atenção a “empunhadura roqueiro-guitarrística” do cavaco que o vocal (Fred ZeroQuatro) fazia nas músicas mais pesadas. As letras são de uma viagem e perspicácia notáveis, tendo várias bem divertidas.

Os caras são bons mesmo, e abordam em suas canções assuntos que passam pela globalização, capitalismo selvagem e até (!) mulheres. Versos “pitorescos” dão ao trabalho um toque de ironia e irreverência, seja quando o assunto é sério ou mais ameno. Desde quinta escuto repetidamente o CD que eles vendiam na saída do show, principalmente as faixas Tentando Entender Os Cabras, Nêga Ivete e Abrindo O Coração Para Uma Cadela Chapada E Bêbada. BêbadoGroove vol.01 não tem distribuição comercial.


Ano de Lançamento: 2005
1. Nêga Ivete
2. Laura Bush Tem Um Senhor Problema
3. Tentando Entender Os Cabras
4. Carnaval Inesquecível Na Cidade Alta
5. Abrindo o Coração Para Uma Cadela Chapada E Bêbada
6. Dogvilles, Coleiras e Bombeiros
7. Soy Loco Por Sol

Graças a Deus o Towtow adquiriu um exemplar quando saiu do Ocidente, já que minha condição na hora de ir embora não me permitiu a lembrança de comprá-lo. [:P] Quem puder adquiri-lo, recomendo.

Eu pensei em entrar em uma discussão sobre o refrão de uma das músicas, mas tô cansado pra escrever sobre isso. Outra hora, quem sabe. Daqui a pouco eu volto.