holy moments of a waking life

26 fevereiro 2007

Cuba: comidas & tragos

Bom, um negócio legal em Cuba é a comida. Pra um lugar que tem a economia baseada no turismo (seguido do tabaco e da cana de açúcar), os preços são bem razoáveis. Pra ter uma idéia, o kilo do camarão e da lagosta pode ser comprado a US$ 1. Além da comida e da bebida (especialmente os mojitos!) serem ótimas, os lugares têm um clima jóia. Nessas aventuras gastronômicas sempre tive a companhia do meu ex-orientador e parceiro de viagem, o Leffa.

Na primeira noite, queria provar a comida típica de Cuba, mas sem ter que enfrentar showzinhos de dança e afins (quando perguntei pras pessoas do hotel sobre um restaurante, vários tentaram me empurrar o Tropicana, um lugar que tem comida e um show de dança a la Broadway. Por sorte, já sabia como era e me escapei dessa). Encontrei no saguão do hotel o J.J. (o "rota-rota" ou, como ele preferia, "jey-jey"!). O cara acabou nos levando pra uma casa que tinha um restaurante nos fundos. O lugar me pareceu meio "escondido" e isso talvez fosse proposital, em função do controle do governo. O começo foi com os dois pés direitos. Mandamos uns camarões e um lombo de porco, mais mojitos, cerveja Bucanero (a melhor de Cuba. Tem a Cristal também, mas essa é péssima) e na entrada o cara nos ofereceu um troço que eu não lembro o nome, mas, segundo ele, é da família da batata (e não é aipim). Depois disso, foi voltar pro hotel e dormir cedo, pois o congresso começava no outro dia.

Os dois primeiros dias foi de concentração total no congresso e, na noite posterior à minha apresentação, fomos comemorar no Gato Tuerto. Esse restaurante era uma das dicas que a Luzinha me passou antes da viagem na matéria de uma TPM. O lugar (foto - para ver melhor, clique sobre as imagens) é muito legal, tem um astral ótimo e tem um ar mais requintado, comparado com a maioria dos outros restaurantes de Havana. Parece que na parte de baixo rolam uns shows, mas nesse dia não tinha nada. Ele fica a uma quadra do Malecón e a mais uma do Hotel Nacional (outro lugar que é visita obrigatória). Eles têm um prato premiado lá, a "Olla del Diablo", que é um tipo de caldeirada de frutos do mar. Excelente, principalmente acompanhado de mais mojitos e de um cara tocando Beatles ao piano. Depois da cena, uma passada pra admirar os lustres e jardins do Hotel Nacional.

No outro dia, almoçamos em Havana Vieja, parte da cidade construída na época do domínio espanhol. Escolhemos o La Paella e o prato típico espanhol com lagosta. Igualmente excelente. Além disso, o restaurante fica dentro do Hostel Valencia (Oficios nº 53 esq. Obrapia) numa espécie de átrio (acho que é assim que se chamam aquelas áreas abertas dentro de uma construção), com muitas plantas e referências à Espanha. Ah, é claro que tomamos mojitos lá também.

Falando em mojitos, ir à Havana e não tomar a bebida no bar onde ela foi criada em 1942 é como ir ao Rio e não conhecer o Cristo Redentor. Então, rumamos a La Bodeguita del Medio (esquerda), próxima à Plaza de la Catedral. O lugar me lembrou o Cruz de Malta da rua XV (quem conhece Pelotas, vai entender), antes da reforma, e é um lugar simples e freqüentado por intelectuais, como Allende, e anônimos que, além de tomar seus tragos, deixaram frases e assinaturas nas paredes do lugar. Esse boteco também teve como cliente assíduo Ernest Hemingway. Aliás, como dizia o escritor: "My mojito in La Bodeguita; my daikiri in La Floridita". E esse foi outro lugar por onde passamos (centro) no dia seguinte e tomamos o famoso daiquirí (sobre o balcão na foto à direita). É um espaço mais cool, que nos leva direto aos anos 50, com ótima música ao vivo. A comida e a bebida lá são mais caros, por isso, tomamos o daiquirí (que é bom, mas prefiro mojitos) e fomos almoçar em outro lugar.

Procuramos então um lugar simples em Havana Vieja e encontramos um boteco bem humilde. Pra variar, mojitos no começo. Depois pedimos um prato com camarões, salada e arroz com feijão (que, diga-se de passagem, é ótimo), ouvindo um grupo de cubanos na formação básica: maracas, violão, contrabaixo acústico, trompete e voz. Não lembro o nome do restaurante, mas é numa das esquinas da calle Obispo.

No último dia, muita chuva e frio. Acabamos almoçando no Hotel Nacional, no café que há no subsolo. Nada de espetacular na comida. Ou melhor, a comida e o serviço são ótimos, mas o que salta aos olhos é o sentimento de volta no tempo, imaginando como era a vida nos tempos áureos antes da Revolução. No Nacional, funcionava um grande cassino, que fervilhava de turistas. Era comum saírem aviões de Miami, levando americanos pra jogar lá e voltar pros EUA após a noitada (o filme "Cidade Perdida" mostra um pouco desse tempo). Pela nostalgia, vale a visita com calma.

Bueno, acho que a parte gastronômica da viagem tá bem ilustrada. Ainda tenho que falar de mais umas coisas, mas fica pra outra hora. Daqui a pouco eu volto.

24 fevereiro 2007

Cuba



Bueno, esse post (e provavelmente mais alguns) vem pra contar um pouco da viagem pra Cuba. Talvez a palavra que melhor defina a ilha (ou pelo menos Havana, onde estive) é "diferente". Muitos tinham me dito que eu encontraria muita pobreza e, de fato, o povo cubano, de uma maneira geral, é bem pobre. Todos os trabalhadores são funcionários do governo e recebem aproximadamente 10 CUC/mês (peso cubano convertible, a moeda do turismo, quase que equivalente ao dólar americano). Segundo eles, essa grana é suficiente pro básico, exceto vestuário.

No entanto, parece que o maior problema deles é a falta de liberdade mesmo. Embora ganhem pouquíssimo, sem muitos direitos a "extras", não há mendigos nas ruas. Não há crianças pedindo esmolas. Não há assaltos. Há um enorme sentimento de segurança e, caso algum cubano aborde um turista, geralmente é pra vender algo. Frente às dificuldades salariais, o cubano apela pro "bico", oferecendo serviços informais (como taxista ou guia, por exemplo), fazendo artesanato, fazendo música. Sempre sorrindo e sendo gentis.

Eu sabia que a saúde e a educação eram de alta qualidade em Cuba. Confirmado. Só pra dar uma idéia, as camareiras do hotel tinham curso superior (uma delas tinha dois diplomas). Os taxistas também. Cada cubano parece ser capaz de dar uma aula sobre História cubana. Conversei sobre controle de natalidade no país com Jesus, um taxista. Achava que a taxa fosse altíssima. Jesus disse que não, ao contrário, a população de Cuba estava velha, em torno de 72 anos (notem: um taxista - com todo o respeito à profissão - sabia esse tipo de dado), pois as famílias são pobres e não têm como criar muitos filhos. Argumentei com ele que, no Brasil, as pessoas são igualmente pobres e têm um monte de filhos. Sem a intenção, a resposta dele foi como um tapa: "aqui somos responsáveis".

Eu tomaria a "responsabilidade" do Jesus por outra palavra: EDUCAÇÃO. E isso os cubanos têm de sobra, junto com SAÚDE e SEGURANÇA. Essas três necessidades me deixaram bem perturbado, incomodado, com aquilo que buscamos. Nos matamos pra ganhar dinheiro e poder pagar plano de saúde, uma boa escola/universidade pros filhos (que não tenho ainda), pra ter segurança e, sobrando algum, ter lazer, boas roupas, etc. Lá, as pessoas não podem ter os "extras" mas têm aquilo que é básico e que não temos. Não defendo a ditadura de Fidel, nem saberia se escolheria abrir mão da liberdade que temos pra ter a vida que existe na ilha, mas tiro o chapéu pro trabalho que o comandante fez até então. Se não fez um povo rico, fez um povo digno.

Daqui a pouco eu volto.

10 fevereiro 2007

Rocky Balboa


Há um tempo atrás, eu disse aqui que eu ia. A previsão era dezembro, mas Rocky Balboa (vulgo Rocky VI) só chegou no Brasil hoje. E hoje eu tava lá assistindo.

Vai ter uma pá de críticas negativas sobre o filme. Só que esse é um dos filmes bons da série, perdendo pros dois primeiros e se igualando ao terceiro. O início é meio arrastado (como o primeiro é), até pra dar uma contextualizada no momento da história. Mas quando o fight começa a se desenrolar, aí a coisa fica boa. Tem coisas dispensáveis, como a tentativa de colocar uma figura feminina na história, mas no geral é um espetáculo legal, com direito a gritos dos mais fanáticos a cada soco bem dado do véio. O treinamento pra luta merece destaque. Eu li que o Stallone queria com o sexto filme dar um fim digno ao personagem que, gostem ou não, entrou pra história do cinema. Na minha opinião, mission accomplished.

Agora, o mais legal mesmo é a nostalgia. A cada momento em que tocava a música tema, dava um nó na garganta... e aquela vontade de sair dando socos no ar. Tá aí um video antigo pra matar a saudade:

Bueno, mañana é pé na estrada, ou melhor, no ar. Mando notícias do Fidel assim que for possível. Daqui a pouco eu volto.

06 fevereiro 2007

The Pursuit of Happyness



Ontem fomos ver The Pursuit of Happyness (assim mesmo com "Y". Vejam o filme e descubram o porquê). Bom filme. É meio estranho julgar esses filmes que contam a vida de um cara que realmente existiu, pois no fim das contas, é como julgar a vida do cara. E eu acho que, cada um a sua maneira, mereciam ter sua vida tranformada em filme. Toda a vida é interessante, dependendo de como abordamos a história. Algumas são uma comédia, outras uma aventura. A de Chris Gardner - personagem principal do filme - é um drama e muito worth telling.

Filtrando o "American Way of Life" e o "American Way of Making Films", o filme é bem legal. Destaque pro Will Smith e pro filho - Jaden Christopher Syre Smith - que interpreta o próprio rebento do Gardner. Eu achei legal ver o "crescimento" do ator principal, famoso pelo seriado dos anos 90 Fresh Prince of Bel-Air (ainda passa no SBT) e por filmes de ação como MIB, Eu, Robô, Independence Day (argh!) e Bad Boyz. O cara tá muito bem e merece a indicação ao Oscar de melhor ator. Talvez não pra ganhar, afinal não vi os outros concorrentes, mas a indicação já é um reconhecimento. Também gostei de ver algumas referências dos anos 80 (época da história de Gardner), como o Cubo Mágico e garrafas médias de Pepsi.

Enfim, recomendo o filme. E cuidado pra não chorar no final. Daqui a pouco eu volto.