holy moments of a waking life

24 fevereiro 2007

Cuba



Bueno, esse post (e provavelmente mais alguns) vem pra contar um pouco da viagem pra Cuba. Talvez a palavra que melhor defina a ilha (ou pelo menos Havana, onde estive) é "diferente". Muitos tinham me dito que eu encontraria muita pobreza e, de fato, o povo cubano, de uma maneira geral, é bem pobre. Todos os trabalhadores são funcionários do governo e recebem aproximadamente 10 CUC/mês (peso cubano convertible, a moeda do turismo, quase que equivalente ao dólar americano). Segundo eles, essa grana é suficiente pro básico, exceto vestuário.

No entanto, parece que o maior problema deles é a falta de liberdade mesmo. Embora ganhem pouquíssimo, sem muitos direitos a "extras", não há mendigos nas ruas. Não há crianças pedindo esmolas. Não há assaltos. Há um enorme sentimento de segurança e, caso algum cubano aborde um turista, geralmente é pra vender algo. Frente às dificuldades salariais, o cubano apela pro "bico", oferecendo serviços informais (como taxista ou guia, por exemplo), fazendo artesanato, fazendo música. Sempre sorrindo e sendo gentis.

Eu sabia que a saúde e a educação eram de alta qualidade em Cuba. Confirmado. Só pra dar uma idéia, as camareiras do hotel tinham curso superior (uma delas tinha dois diplomas). Os taxistas também. Cada cubano parece ser capaz de dar uma aula sobre História cubana. Conversei sobre controle de natalidade no país com Jesus, um taxista. Achava que a taxa fosse altíssima. Jesus disse que não, ao contrário, a população de Cuba estava velha, em torno de 72 anos (notem: um taxista - com todo o respeito à profissão - sabia esse tipo de dado), pois as famílias são pobres e não têm como criar muitos filhos. Argumentei com ele que, no Brasil, as pessoas são igualmente pobres e têm um monte de filhos. Sem a intenção, a resposta dele foi como um tapa: "aqui somos responsáveis".

Eu tomaria a "responsabilidade" do Jesus por outra palavra: EDUCAÇÃO. E isso os cubanos têm de sobra, junto com SAÚDE e SEGURANÇA. Essas três necessidades me deixaram bem perturbado, incomodado, com aquilo que buscamos. Nos matamos pra ganhar dinheiro e poder pagar plano de saúde, uma boa escola/universidade pros filhos (que não tenho ainda), pra ter segurança e, sobrando algum, ter lazer, boas roupas, etc. Lá, as pessoas não podem ter os "extras" mas têm aquilo que é básico e que não temos. Não defendo a ditadura de Fidel, nem saberia se escolheria abrir mão da liberdade que temos pra ter a vida que existe na ilha, mas tiro o chapéu pro trabalho que o comandante fez até então. Se não fez um povo rico, fez um povo digno.

Daqui a pouco eu volto.

2 Comments:

Blogger ldsacramento said...

uhul. continua contando!
:) beijos!

fevereiro 26, 2007 1:58 AM  
Anonymous Anônimo said...

ai. eu também quero ir a cuba. (=

fevereiro 26, 2007 10:12 AM  

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