holy moments of a waking life

08 março 2006

A visão do inferno que não era

Ontem quando estava saindo da UFRGS no final da tarde levei um susto: mar de gente, mar de carros. Pra mim, que fiquei em Porto a maior parte do tempo nesse verão, foi impressionante e notável a diferença de movimento – parece que são duas cidades distintas. Se até antes do Carnaval era possível deitar-se no meio da Osvaldo ou da Independência (plágio de uma opinião do Nego) e sobreviver, agora o negócio é diferente – carros, carros, mais carros, ônibus, motos e um bando de gente estressada dentro e fora dos veículos. Cruzamentos trancados, buzinaços, xingamentos, dedos levantados. Esse era o cenário às 18h30 ontem, na esquina da Paulo Gama com Osvaldo. Some-se a isso uma multidão de alunos que voltavam às aulas, “bichos” recém-troteados, vendedores no sinal, calor... pra quem saía de uma sala com ar condicionado e sem tumulto, essa era a visão do inferno. Ou melhor, seria.

Seria se não fosse o isolamento em que me encontrava, cercado por pensamentos bons, alimentados por ótima música. Aqui faço uma pausa para comentário musical...

No domingo, eu e my little pal Toto descobrimos um CD do Seu Jorge, Life Aquatic Studio Sessions, lá na Saraiva, por apenas R$ 76,80. Pra quem não sabe, Seu Jorge participa do filme Life Aquatic with Steve Zissou (muito bom, por sinal!) e fez versão acústica de cinco músicas do David Bowie para a trilha sonora. A questão é que o inglês gostou tanto do trabalho do brasileiro, que incentivou o cara a fazer mais versões de suas músicas. O resultado tá nesse CD, um conjunto de 14 músicas do Bowie, que o brazuca manteve a melodia e “reletrou”. Pra quem não tem escrúpulos sobre pirataria e/ou acha um absurdo pagar o preço pelo CD, eu achei num Torrent na Web. Destaco as versões de Ziggy Stardust e Lady Stardust... não consigo parar de ouvi-las.

Bueno, mas voltando à questão “a visão do inferno que não era”... Fiquei pensando no bem-estar que sentia, embora visse o desconforto e irritação do povo que me rodeava. Só pensava na música e nos pensamentos que ela embalava. Me via mais rápido do que os carros, trancados no mar de lata... e comecei a divagar sobre a força do estado de espírito. Até que ponto podemos controlar, ou nos “protegermos” da influência do meio? Será que é possível? O meio é a realidade em si ou ela é o fruto de como a percebemos? Não sei se isso é bom, pode funcionar como uma fuga talvez, mas a possibilidade de se desligar de problemas que não nos dizem respeito, de evitar que o stress do trãnsito, das outras pessoas, etc., te atinja me parece extremamente saudável e recomendável. Enfim, com o que eu tinha na cabeça, no coração e nos ouvidos, a visão do inferno era o paraíso.

Já estou preparado pra sair da UFRGS agora. Seu Jorge nas orelhas. Vou tentar ir no cinema hoje, ver Crash ou Capote. Se eu for mesmo, deixo o comentário aqui depois. Daqui a pouco eu volto.

4 Comments:

Blogger Unknown said...

Hello from Wolsztyn in Poland :)

março 08, 2006 6:07 PM  
Anonymous Anônimo said...

"O meio é a realidade em si ou ela é o fruto de como a percebemos?"

Acho que é fruto da nossa percepção. Se estamos bem, os problemas parecem menores... Se não estamos bem, tudo parece conspirar contra a gente. Até mesmo o engarrafamento das 18h!
Hehehe

Por isso, o principal é a gente se sentir bem, estar bem! O resto é conseqüência...

Beeeeijo!

Nina

março 10, 2006 10:50 AM  
Anonymous Anônimo said...

Fala Rafaeldo. Esses dias sai da casa da Nina e tive essa mesma impressão. Tava andando pela Osvaldo Aranha, uma muvuca, comecei a escutar uma musiquinha e parece que tudo se acalmou. Sensação boa. Parece que o cara cria um campo de força... :-)

Abraço

março 11, 2006 4:03 AM  
Blogger Rafael said...

Hehehe... gostei da história do "campo de força"!!! Superhero stuff... mas é vero mesmo.

Abração!

março 11, 2006 11:40 AM  

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