holy moments of a waking life

05 julho 2006

Chuteiras sem pátria


Bueno, pensei muito antes de escrever esse texto. É a intuição de escrever o lugar-comum que me travou até então, mas acho que a indignação que tomou conta de mim e de tantos outros “técnicos” de plantão foi mais forte e agora vai, mesmo com o risco de ser repetitivo. Já aviso que vou passar longe daquelas bobagens que, de maneira impressionante, voltaram a ser ditas, como "o Brasil vendeu essa Copa de novo". Como Nação, temos que aprender a viver com o fracasso e tentar entendê-lo a fim de evitá-lo.

Nunca tive problemas em perder. O problema é perder sem lutar, e esse é o fato que indigna mais. Está aqui o primeiro lugar-comum. Não é possível entender como profissionais conseguem tamanho estado de apatia frente a tão motivador desafio. QUALQUER UM que jogue bola sonha em jogar uma Copa do Mundo. Como, jogando com um baita time, não se tenta vencer?

Atitude. Ou melhor, a falta dela. Não adianta ser melhor do mundo sem atitude de melhor do mundo. E não estou falando só do Ronaldinho Gaúcho. Falo do Fenômeno, do Kaká, do Adriano, do Roberto Carlos, seguidamente indicados ao posto mais alto dentre os jogadores do mundo. Mais do que atitude de melhor do mundo, faltou respeito. Minha mãe sempre falou “te dá o respeito para ser respeitado”. Como respeitar quem já foi modelo de sucesso e que sucumbe frente à fama, que (acha que) ganha sem jogar, que reina na "pseudo-auto-suficiência"? Além do respeito a si próprios, faltou respeito à Nação que eles representavam, e que não é, há tempos, somente um bando fazendo batucada, o "Olodum do Galvão". A “Pátria de chuteiras” ficou assistindo, como bem falou o Jabor ontem no Jornal da Globo, “as chuteiras sem pátria”. Sem vontade, sem respeito, sem espírito vencedor.

Ainda sobre atitude, Antônio Prada falou na sua coluna no Terra sobre a falta de comando. Eliminados, comissão técnica e jogadores se dispersaram, indo cada um pro lado que queria. Uns vieram pro Brasil, outros pra suas casas na Europa. E o grupo? E o sentimento de unidade? Fica evidente o fato de que o time era um amontoado de jogadores, como nossos times de fim de semana, que são reunidos por telefone e que, logo após o jogo, cada um vai prum lado. A Seleção é (ou deveria ser) mais do que isso.

Falando em comando, não culpo apenas o Parreira. O Zagallo, muito menos, pois sua senilidade e esclerose não permitem responsabilidade. Respeito sua história e ponto. No entanto, e o comando dentro de campo? Em 94 e 98, tínhamos o Dunga. Em 2002, era o Felipão, que estava praticamente dentro do campo. Nesse time, não tínhamos ninguém. Mas o que surpreende é que não tinha um indivíduo que se indignasse com a situação no último jogo, apenas o Lúcio, que não deveria ter moral dentro do grupo, em virtude do caminhão de críticas que recebeu (muitas delas injustas) antes da Copa. Mas como? Se num joguinho de fim de semana, a gente fica fulo da vida quando os “companheiros” de time não correm, não marcam, estão apáticos, COMO QUE NUMA COPA DO MUNDO OS INFELIZES NÃO DÃO UMA SACUDIDA UNS NOS OUTROS? Vi o jogo na SporTV e o Jorginho, ex-lateral em 94 (antecessor do “Cafuzinho paz-e-amor”), falou: “o Dunga era chato, mas se fosse ele já tinha dado uma dura no Zidane pra pôr respeito!”. Não tinha esse homem nesse “time”. Muito se falou/defendeu que o Ronaldinho não jogou nada por estar fora de posição. Pode até ser, mas o que mais me frustrou no Gaúcho não foi sua pífia performance, mas a falta do "espírito dos pampas" e, pra finalizar, a perda total de respeito pelo povo que representa, indo diretamente após a derrota para Barcelona e ficar em alta festa até às 5h da manhã numa boate. Do Adriano, que foi com o camisa 10 para o lugar, eu até esperaria isso. Do Ronaldinho, não. Que tristeza pela eliminação, não? Exagero ou não, garanto que muitos brasileiros não dormiram depois da eliminação, enquanto o melhor do mundo fazia festa.

Bueno, mas como não se pode ser injusto, tem que destacar o futebol e ATITUDE do verdadeiro quadrado mágico: Dida, Lúcio, Juan e Zé Roberto, dando espaço também pro Robinho. O resto vai ter que rebolar pra ganhar moral novamente. Talvez ajude assistir o “teipe” da semifinal Alemanha e Itália. Os nossos “filhos” da final de 2002 mostraram como um campeão deve cair.

Em 2010 eu volto.

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

sem dúvida concordo: mais parabéns ao juan, dida, zé roberto e lúcio.
foram apáticos e mornos (e aqui pego de um texto de uma amiga). enquanto os torcedores foram extremamente quentes.
eles não mereciam o título, nós o fiasco.
parabéns às seleções africanas. é só o que tenho a dizer..

julho 05, 2006 5:17 PM  
Blogger Rafael said...

É... fazêuquê...

Deu inveja ver os portugueses meterem pressão na França até o último minuto dos acréscimos... faltou qualidade, mas sobrou disposição.

Lembrei da frase do Thomas Edison: "a genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração". Nossas estrelas entraram com, no máximo, 1%.

Valeu, Carol! Bjo pra ti!

julho 05, 2006 6:11 PM  
Anonymous Anônimo said...

Parfait!

julho 05, 2006 8:58 PM  
Blogger Rafael said...

Merci! [:D]

julho 05, 2006 9:32 PM  
Anonymous Anônimo said...

Rafael, querido...

Nota deeeeeeeez!!!

Beijão pra ti!

meNina

julho 05, 2006 10:38 PM  
Blogger Rafael said...

Brigadú!!!
Bjo pra ti!

julho 06, 2006 11:25 AM  
Blogger Fonseca said...

Não dá pra se indignar. Não dá. Eles não se importam com isso, pq nós deveríamos??

Essa "seleção" foi um bando de ridículos. E nem dá pra dar uma dura nos caras quando eles voltarem pra casa, pq eles não moram aqui...

julho 09, 2006 12:22 PM  

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