holy moments of a waking life

23 janeiro 2009

Tragédia e redenção xavante

Desde sexta-feira passada estou tentando escrever um post sobre o acidente de ônibus que vitimou toda a delegação do Grêmio Esportivo Brasil, deixando três mortos. Não fosse já um evento lamentável per se, a tragédia torna-se particularmente dolorosa para mim, torcedor rubro-negro. Nas próximas linhas vou escrever um pouco sobre o triste acontecimento, dando minha visão e opinião a respeito.

Ouvi a notícia praticamente na hora que começaram a divulgar o acidente. Não dormi até às 5h da manhã, tentando encontrar notícias completas e não tão negativas como acabaram se confirmando. Quando foi confirmada a morte do preparador de goleiros, do Régis e do Milar, especialmente pelos dois últimos, fiquei me perguntando (como tantos outros torcedores) sobre o porquê de justamente esses dois falecerem. Dois jogadores que vinham recebendo muitas críticas desde o ano passado, mas que nunca esmoreceram, sempre continuaram trabalhando e, ainda sob desconfiança, "salvaram" o time de poucas e boas. Só para lembrar de fatos recentes, foi do Régis o gol de empate contra o Duque de Caxias, na pior partida do time no octogonal final da série C de 2008, assim como foi do uruguaio o gol contra o Guarani (que acabaria empatado em 1 a 1) e contra o Confiança (vitória xavante por 2 a 0).

A primeira alegação é a de que era obrigação continuar trabalhando apesar das críticas, afinal são profissionais. Porém, quem acompanha futebol sabe que é cada vez mais raro encontrar profissionais DE VERDADE, frente às inúmeras almas perdidas nesse mundo de milhões. Percebe-se a seriedade do homem quando olhamos demonstrações de carinho e de dor pela perda vindas do clube em que jogou na Polônia:


Abaixo, segue a mensagem de apoio da RBS ao Grêmio Esportivo Brasil:

E para quem acompanha a realidade xavante, sabe que esses dois atletas iam além do profissionalismo - neles havia algo de devoção. Obrigado, Régis. Gracias, Milar.

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O que vou escrever agora passa longe da verificação científica, dos fatos analisados, da prova cabal. Vou escrever como torcedor. Penso que o clube está, de alguma forma, pagando por pecados passados. Não falo apenas da perda das pessoas e do abalo emocional decorrente do acidente. Falo dos dois últimos campeonatos gaúchos que o Brasil amargou a possibilidade de cair para a Segundona. Falo da perda da Copa FGF para o Caxias dentro de um Bento Freitas lotado. Falo do abandono da "Maior e Mais Fiel" nas partidas do Octogonal final da série C do Brasileiro. E, por último, da não-classificação para a série B do Brasileiro 2009 com TODOS os resultados ajudando e bastando empatar. O clube e a torcida têm amargado derrotas e "quases" para abalar qualquer torcedor. E, para completar, essa tragédia.

A decisão de jogar o Gauchão 2009 foi acertadíssima. Embora a tão proclamada ajuda de grandes times do futebol brasileiro em emprestar, sem custos, jogadores para completar o elenco xavante (hoje o time conta com 16 atletas) não tenha vindo e tudo indique que as palavras ditas na imprensa foram "para bonito", vamos jogar na superação. A FGF falava que havia 8 atletas da dupla GRE-NAL confirmados, mas apareceram apenas três, todos intermediados por um empresário (mais detalhes aqui e aqui). Não quero acreditar que os dirigentes que prometeram ajuda - a qual serviu de argumento para o Brasil decidir jogar - usar o triste evento para capitalizar suas imagens. Se o fizeram, podem esperar: o castigo virá em dobro. De qualquer forma, historicamente, são esses momentos que alavancam o Xavante. Tenho certeza de que os jogadores e a torcida voltarão mais fortes do que antes, acompanhados de dois jogadores extras em todos os jogos. A torcida - que andou ausente no ano passado - vai voltar com tudo. O número de sócios TEM QUE e VAI aumentar. Podemos não ganhar o Gauchão, mas vamos ficar bem colocados e embalados para o Brasileiro da série C. E nesse ano, escrevam, o rubro-negro vai subir. Alguns disseram que o uruguaio nos deixou sem realizar dois de seus sonhos - ser presidente do clube e subir o Brasil para B. Discordo. Milar sempre será o "Presidente dos Corações Rubro-Negros" e, por razões que desconhecemos, sua trágica morte e a dor que dela decorre colocarão o Xavante no caminho do crescimento.
Xavante. A partir de agora SEMPRE COM 13.

1 Comments:

Blogger Nairana said...

É Rafael, esse acidente, bem como nossos guerreiros, será inesquecível! E será inesquecível não só para os rubro-negros mas também para brasileiros e uruguaios!
Essa tragédia foi algo sem explicação que até hoje é difícil de aceitar!
Pode parecer monstruosa essa pergunta que tu fez, "que outros tantos torcedores fizeram" e que eu fiz e faço até hoje, mas é uma pergunta inevitável: "Porque justo Milar e Régis?"
A dor é imensamente forte, o coração ainda não se conformou! Ir na baixada e não ver nosso índio guerreiro e nosso alemão raçudo é difícil demais! Ainda hoje quando falo nesse assunto não consigo conter as lágrimas.
Nosso time caiu, mas lutou! Lutamos como sempre fizemos e como sempre iremos fazer! Afinal, somos xavantes!
Milar e Régis: Saudad3s e7ernas!

abril 09, 2009 10:32 PM  

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