holy moments of a waking life

24 janeiro 2006

Ainda sobre o domingo...

Êta diazinho safado esse último domingo. Mas também, “safado” até ali... pra quem não pôde ir pra praia como eu, o Eurico e a Nina, aquela chuva tava mais do que bom. Desculpe quem foi pra praia, sei que é uma opinião um tanto egoísta, mas azar... tava cansado de ficar derretendo nessa “sucursal do inferno”. Sim, essa é pra mim a melhor definição de Porto Alegre nos dias de verão, sem ar condicionado em casa nem no trabalho. Também é interessante ver como o “sérumano” – como diz uma amiga minha no MSN - parece ser um eterno insatisfeito. Quando estamos no inverno, grande parte das pessoas torce, até reza, pra que o verão chegue logo, sem lembrar que a maior parte da classe trabalhadora só tem férias por, no máximo, um mês durante a estação do Sol. Já nos dias de verão que enfrentamos nas últimas semanas aqui, a alegria foi ver todo mundo agradecendo aos céus pela chuva, pelo friozinho... vai entender.

Bom, mas eu ia falar sobre o domingo. Eu tenho essa mania de começar falando de uma coisa e engatar em outra(s), acho que herdei do meu pai. Estranho é que quando ele faz isso, pego no pé dele... coisa de pai e filho, eu acho (tanto a repetição de um hábito, quanto a implicância). Mas voltando (de novo)... depois de acordar tarde e ligar pra Nina e pro Eurico pra combinar o almoço, acertamos de ir pro Bar do Beto. O almoço foi quase um brunch, era umas quatro da tarde e a gente ainda tava comendo. E comendo. Pedimos mais comida do que podíamos comer, e quem ficou feliz com isso foram os cachorros que não tenho. Doggy bag, please? [:P]

Já que a comida era boa e farta, pra variar o papo rolou. Como a gente fala... e os dois têm sido pessoas constantes na minha vida GRAÇAS A DEUS, nos papos e nas reflexões. Eu até arriscaria que eles diriam a mesma coisa, pois temos passado por momentos não exatamente idênticos, mas peculiares à fase dos 30 anos, e temos conversado e delirado MUITO. E isso não é uma crítica, absolutamente. É mais um daqueles holy moments que falei no primeiro post.

Mas aí, sempre tem um que é a “bola da vez”. E nesse finde fui eu. Tomei algumas decisões nessa virada de ano, algumas delas que representam PERDER coisas, para poder GANHAR depois. Acho até que tem um filme que usa essa frase – perder é ganhar. Se alguém lembrar qual é, deixe um comentário. Quando falava a eles sobre uma das decisões, isso não no almoço, me referia ao longo período em que não escutava um “plin”, aquele estalo que te motiva a investir em coisas e/ou pessoas. Pra minha agradável surpresa, não aconteceu o tal “plin”, mas sim uma sinfonia deles, todos referentes a uma mesma situação com uma amiga que fez parte da minha vida há algum tempo atrás. E essa foi o assunto principal da pauta, pelo menos pra mim.

Ainda que essa situação seja um tanto complicada, estranhamente me sinto motivado, vivo, empolgado. Ao mesmo tempo, tenho plena consciência de que a situação pode não se desenvolver, pois não somente não depende de mim, como envolve uma série de decisões complicadas “de outra parte”. Mas o que importa agora é uma sensação única e individual de satisfação. Tem uma palavra em inglês que define melhor o sentimento – exhilaration. Desde sexta, tenho falado sobre o caso com a Nina e o Eurico com tamanha empolgação. Me peguei falando de detalhes que observei, como uma mão, um olhar, um jeito de falar, coisas que foram ditas. Holy moments.


A propósito, vale lançar aqui uma tentativa de explicação da expressão, ainda que seja um pouco complexa e permita uma série de interpretações. Segundo um diálogo em Waking life, um holy moment é um daqueles momentos no cinema em que algo se destaca dentro de um frame, algo que é perceptível a partir de um efeito ou de uma iniciativa do diretor. Pode ser um olhar entre duas pessoas em silêncio (esse é o exemplo do filme, retratado na imagem desse post). No entanto, um dos personagens argumenta que nossa vida está repleta de holy moments, embora muitas vezes não notemos.

Depois dessa explicação, talvez fique mais claro o que estou tentando colocar aqui. A situação que me encontro tem sido uma sucessão desses momentos, e tenho a ingênua impressão de que é recíproco. Tristemente recíproco. Quando contava com empolgação algumas coisas que me tocaram quando estive com essa amiga, o Nego largou nosso tradicional e bem humorado “Tu ta fuuudido!!!” (ele até colocou uma leve e discreta referência sobre isso no blog dele). Em termos, concordo com o Nego. Por outro lado, me sinto bem e, ainda que a situação não seja nada favorável, não me sinto tão ansioso, nem angustiado, pois o que temos tido é um holy moment atrás do outro, com muito papo, RESPEITO e prazer em estar juntos. Não estamos presos um ao outro (nem poderíamos), mas sinto que há uma conexão forte, ou como ela diz, afinidade.

Estranho, mas muito legal.

Acabei nem falando do domingo... ainda bem que eu avisei que começo falando de um assunto e acabo em outro. Coisa de pai pra filho. Olha aí, ó – perceber isso foi mais um holy moment. Daqui a pouco eu volto e falo do fim do domingo.

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ehehehehehehe ... muito bom, acho que perderei mais tempo lendo as coisas aqui do que eu estimei.

Abraço.

janeiro 24, 2006 1:35 PM  
Blogger Rafael said...

Pô, faz favor... mi casa, su casa!
Abraço!

janeiro 24, 2006 1:50 PM  
Anonymous Anônimo said...

Perder é ganhar...
Interessante. Não tinha pensado nisso ainda. Uma percepção bastante otimista dos fatos. E talvez por isso não tenha me ocorrido ainda. Hahaha

Beijo!

janeiro 24, 2006 2:46 PM  
Anonymous Anônimo said...

Muito legal o teu blog Rafael, as cores e o leiaute ficaram bem escolhidas...
"Perder é ganhar", sem dúvida isto é verdade. É mais ou menos parecido com aquele outro ditado: "sorte ou azar". As vezes ficamos diante de uma situação que parece azarada, mas mais tarde se configura como um momento que proporcionou outros muito melhores e daí àquele passar a ser um instante de "sorte". E acho que eu estou passando por isto agora também (pelo menos torço para que seja)...
Abração e virarei leitor assíduo das tuas insanidades (hehehe)

janeiro 24, 2006 5:07 PM  
Blogger Rafael said...

Pô, legal, tchê!
Acho que é por aí mesmo e pode ter certeza que fico torcendo por ti.
Ah, e já te aviso que vais ser citado nesse monte de coisa aqui, mais cedo ou mais cedo!
Abração!

janeiro 24, 2006 5:15 PM  

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